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VÍDEO: Santa Maria ainda não tem leitos pelo SUS para atender pacientes com coronavírus

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data-filename="retriever" style="width: 100%;">Foto: Husm (divulgação)
À espera de kits, espaço poderá receber 10 pacientes em estado grave no Hospital Universitário 

Santa Maria não tem leitos do Sistema Único de Saúde (SUS) para atendimentos de casos de coronavírus. O Hospital Universitário (Husm), referência em saúde pública na cidade e região, preparou 10 leitos da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) exclusivamente para pessoas afetadas pelo vírus, entretanto, ainda depende da chegada de equipamentos para colocar a unidade em funcionamento. Ao contrário da rede privada de Santa Maria, que preparou leitos para receber pacientes, a saúde pública ainda precisa de recursos. Como o Husm será destinado apenas para casos graves da covid-19, não internará pacientes em leitos clínicos - utilizados para casos mais leves. Santa Maria não tem outro hospital público com essa disponibilidade, e, por isso, as internações são possíveis apenas em convênios privados. A prefeitura estuda soluções para o problema. A abertura imediata do Hospital Regional é a principal aposta do poder público para atender os futuros afetados pela pandemia, que cresce a cada dia no país e no mundo. 


- Trabalhamos na questão de salvaguardar o Husm para pacientes críticos, pela tecnologia, por causa da especialização e das equipes profissionais qualificadas, e buscar outros locais para essa paciente que a gente pode chamar de paciente menos grave, que não pode ir para casa, mas também não necessita de UTI - explica Soeli Guerra, gerente de atenção à saúde do Husm

O tratamento de pacientes com coronavírus exige uma estrutura especial, com isolamento dos demais pacientes para evitar o contágio, além de treinamento e equipamentos de proteção para os funcionários. De acordo com Soeli, o hospital trabalha desde janeiro na preparação para receber contaminados pelo coronavírus. Além da capacitação de pessoal, a emergência foi dividida em duas: uma para suspeitos do covid-19 e outra para pacientes de outros tipos de doença, para evitar a contaminação.

Além da emergência, outros espaços do Husm foram isolados para a circulação de pacientes e profissionais voltado para o atendimento do coronavírus. Dez leitos, que deveriam ser de UTI, foram criados para atender exclusivamente os pacientes de covid-19. As 10 camas estão dispostas em uma única sala. O grande problema é que o hospital não tem equipamentos suficientes para o funcionamento pleno desse espaço. Foram pedidos kits de UTI para a Secretaria Estadual de Saúde. De acordo com o Husm, a chegada e instalação dos aparelhos deve ser na próxima semana.

- Só vamos ter segurança com esses leitos de UTI se nós recebermos todos esses equipamentos específicos para esses leitos, que são respiradores, monitores e algumas máquinas de diálise. Nós temos algumas máquinas, mas o paciente crônico que está em atendimento em outra área não pode ser mandado para casa para cuidarmos somente dos pacientes de covid. Não é assim, pois aí vamos perder outros pacientes que têm a mesma necessidade do equipamento - argumenta  Soeli Guerra.

É PRECISO MAIS LEITOS
O Husm possui, ainda,  equipamentos reservas, que são utilizados em caso de mau-funcionamento nos leitos de UTI de outras especialidades, que seguem em funcionamento e perto da capacidade máxima.

- Não vão ser suficientes os leitos de UTI do Husm. Vai ter que ser montada UTI em outros hospitais. Nós precisamos pensar Santa Maria com no mínimo de 30 a 50 leitos disponíveis de intensivismo. A gente está preocupado com isso. Quando lotar nossos 10 leitos, para onde os casos graves vão ser encaminhados? Claro que, em último recurso, a gente vai invadindo sala cirúrgica e outros espaços, como fizemos na tragédia da Kiss, mas não podemos esquecer que o infarto segue acontecendo, que um politrauma pode acontecer, que outras pessoas vão precisar de atendimento. Também precisamos preservar áreas para isso - reitera a enfermeira.

A orientação para pessoas que sentirem os sintomas do covid-19 (nariz escorrendo, dor de garganta, tosse, febre ou falta de ar) é não procurar diretamente a emergência do Husm. A instituição conta com um atendimento por telefone, o Disque Covid, que deve ser o primeiro contato. À distância, o paciente receberá orientações e será encaminhado, se necessário, para um atendimento presencial. O Disque Covid atende pelos telefones (55) 3220-8500 e (55) 3213-1800, disponíveis das 7h às 19h, todos os dias da semana. Também é possível fazer videochamadas quando há a necessidade, como em casos mais avançados de sintomas.

A Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh) informou, por meio de nota, que a responsabilidade de envio dos kits é da Secretaria Estadual de Saúde. Também esclareceu que monitora a situação de medicamentos e equipamentos de todos hospitais da rede.

HOSPITAL REGIONAL COMO SAÍDA
Ao longo dos últimos dias, prefeitura, Estado e hospitais de Santa Maria buscam se preparar para o atendimento de possíveis casos graves de coronavírus na cidade. A preocupação tem sido a respeito da quantidade de leitos, tanto clínicos como de Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Por isso, a prefeitura cobra, junto ao Estado, a abertura imediata de leitos no Hospital Regional. 

- Algumas cidades já estão construindo hospitais de campanha. Já conversamos com o Exército e pensamos em fazer isso em Santa Maria também. Só que isso não faz sentido. Porque temos um hospital pronto aqui, com a estrutura toda construída e que não é utilizada. Vamos brigar para que em abril consigamos operar no Regional com a quantidade de leitos que for possível, seja 10 ou 50 dos 168 previstos no projeto. Cada novo leito que puder ser aberto vai ser muito importante - destaca Guilherme Cortez, chefe da Casa Civil de Santa Maria.

CASOS SEM GRAVIDADE
Como o Husm só atende casos graves, também não há alternativas que comportem uma demanda de pacientes com casos leves que precisem de internação _ os leitos clínicos. Caso não seja possível a abertura do Regional, segundo Cortez, serão buscadas alternativas de ocupação de leitos pelo SUS em hospitais como o São Francisco de Assis, com 10 leitos, Unimed, com 30 leitos, e Alcides Brum, com 45 leitos individuais e outros 10 de terapia intensiva.

- Se não tivermos mais leitos pelo SUS, as internações vão acontecer na rede particular por meio da judicialização, ou seja, o Estado vai ser obrigado a pagar pela internação das pessoas na rede particular. O que vai ser ruim para todos, porque vai tirar vagas das pessoas que possuem convênios e vai sair mais caro para o Estado do que ocupar um hospital pronto (Regional) - afirma o chefe da Casa Civil.

Já que não há garantias de leitos para todos, a melhor recomendação é ficar em casa para evitar o contágio pelo Covid-19. Conforme Cortez, o atendimento em hospitais só deve ser procurado em casos onde não há outra alternativa. Segundo ele, a melhor forma de atendimento para pessoas que apresentarem sintomas, no momento, é por telefone ou vídeochamada.

15 LEITOS EM SÃO JOÃO DO POLÊSINE
Na quinta-feira, o governo do Estado anunciou investimentos de aplicação imediata para liberação de leitos de cuidados prolongados em cinco municípios do Estado. Na região, serão 15 leitos para atender pacientes no Hospital São Roque, em São João do Polêsine. A ideia é que os leitos desafoguem a CTI de hospitais de cidades próximas, como o Husm. O governo do Estado repassará R$ 6 mil por mês por leito disponibilizado. Em todo o estado, serão 95 leitos.

NA REGIÃO
Em outras cidades da região, existem leitos aptos para receber pacientes pela rede pública de saúde. No total, são 37 leitos que hoje estão prontos para receber pacientes com a expectativa de ampliar. Quatro hospitais  estão inclusos no plano de contingenciamento do Estado: Santiago, Cruz Alta, Rosário do Sul e São Gabriel. Por enquanto, Santiago tem 10 leitos habilitados mas a expectativa, conforme a secretaria municipal de saúde, é ter mais cinco na semana que vem, totalizando 15. Na cidade, ainda se estuda a possibilidade de dobrar ou quadruplicar a capacidade adaptando os respiradores, a exemplo do que foi feito em Bento Gonçalves. Em Rosário do Sul, existe a expectativa de ampliar o número para 13 nos próximos dias. Os hospitais de Júlio de Castilhos e de Faxinal do Soturno, apesar de poder receber pacientes, não estão no plano de contingência do Estado. 

LEITOS NA REGIÃO
Estrutura dos leitos de UTI em hospitais SUS da região para atender ao Covid-19 até o moment

Cruz Alta

  • Leitos de UTI com respiradores - 10 (Hospital São Vicente de Paulo)

Faxinal do Soturno

  • Leitos de UTI com respiradores - 6 (Hospital de Caridade São Roque)

Júlio de Castilhos

  • Leitos de UTI com respiradores - 1 (Hospital Bernardina Salles de Barros)

Rosário do Sul

  • Leitos de UTI com respiradores - 8 (Hospital de Caridade Nossa Senhora Auxiliadora)

Santiago

  • Leitos de UTI com respiradores - 10 (Grupo Hospitalar Santiago), mas semana que vem passa a contar com mais 

São Gabriel

  • Leitos de UTI com respiradores - 5 (Hospital Santa Casa de São Gabriel)

*Colaboraram Camila Gonçalves, Dandara Aranguiz, Felipe Backes e Laíz Lacerda

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